Hoje estava navegando por algumas páginas sobre o feminino e me deparei com um texto bem legal. Na hora comentei com uma amiga uma ideia que volta e meia me vem à cabeça: se eu fosse espírita/espiritualista e acreditasse em reencarnação, diria que se tivesse vivido na época da Inquisição, teria sido condenada à fogueira, pois poderia ter sido considerada uma bruxa. Digo isso porque me encanta tanto o feminino, a arte, o corpo, a força da natureza, os astros, as estrelas, a possibilidade de cuidar disso tudo e defender o direito de todas nós mulheres termos o direito de cuidar de nós mesmas com o encantamento e a sensualidade do feminino…
E o texto de Rose Kareemi Ponce, que compartilho abaixo, me inspirou…
Então, ele se deu conta que ela era uma bruxa.
Não uma bruxa dessas de contos de fadas, com verrugas e mãos tortas. Uma bruxa com intensos olhos felinos, que o faziam ficar sempre atento, como se ela à espreita, fosse dar o bote a qualquer instante, tomando seu coração em suas garras e se alimentando de sua alma.
Uma bruxa que caminhava suavemente, sem deixar marcas pelo chão, porém deixando pegadas em seu coração.
Ele percebeu a sutileza de seu toque, a suavidade de suas palavras e se viu preso sem amarras aquela mulher, que livre, também o libertava. Que doce, o acalentava.
E ali estava perdido entre o irreal que se mostrava nítido sob a luz de seu olhar, e o real que se desfazia e escorria pelas mãos, como areia, como água que flui. Como ela, que passeava livre por seus lençóis e desaparecia nas manhãs.
Feito lua, iluminava suas noites.
Feito estrela, brilhava em suas mãos.
Feito o vento, voava e saía pelas janelas antes mesmo que pudesse prendê-la!
Feito ar, alimentava seus pulmões de vida!
Feito fogo, queimava sua pele e sua alma.
Feito menina, encantava.
Feito mulher, seduzia.
Sendo dele, era livre.
Sendo livre, nunca fora tão intensamente de alguém!