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Quadrinhos eróticos por mulheres

Posted in Comportamento, Erotismo, Sexualidade with tags , , , , , , , , , , , , , , , on agosto 5, 2016 by Psiquê

A Revista Trip fez uma matéria bem interessante sobre Quadrinhos eróticos feitos por mulheres. Um tema que muitas vezes é tratado com uma visão muito masculina, precisa ter outras abordagens. Compartilho aqui com vocês.

Beliza Buzollo

“A personagem olha para um pacote verde e pensa que é hora de experimentar aquele vibrador novo. Enquanto usa o novo brinquedo, exclama: “Ai, amo minha relação comigo mesma!”. A página da Garota Siririca, criada pela quadrinista Gabriela Masson, a Lovelove6, é uma das HQs eróticas mais comentadas por leitoras de várias partes do país. E ela não é a única autora brasileira a tratar de autodescoberta, masturbação e prazer feminino nos últimos anos. Cada vez mais são produzidos quadrinhos eróticos feitos por mulheres. Que bom!

“Só sei que me sinto menos sozinha e supernormal lendo LoveLove6, Sirlanney, Cynthia B e Thaís Gualberto, por exemplo. Ver tantas meninas falarem e desenharem sobre sexo me dá uma sensação de naturalidade, sabe? É como se cada vez mais eu estivesse acostumada a refletir e falar sobre um tema que antes eu achava um completo tabu e tinha um verdadeiro medo”, explica a editora Camila Cysneiros.

Muitas quadrinistas começaram a fazer HQs eróticas justamente para tornar cada vez mais confortáveis com seus próprios corpos e com os diversos modos de sentir prazer, um tabu para a sociedade até hoje. Aline Lemos, quadrinista que trabalha com diversas temáticas que abordam empoderamento feminino, conta que começou a fazer quadrinhos na mesma época em que passou a viver mais sua própria sexualidade, ler sobre feminismo e participar de projetos feministas. “Pus bastante disso nos primeiros quadrinhos que fiz. Quando eu era adolescente lia mais Hentai, mas fui me cansando dos estereótipos e do machismo”, conta.

LEIA TAMBÉM: Camila Torrano faz HQs com tripas pelo chão e masturbação feminina

A maior parte dos quadrinhos eróticos feitos por mulheres traz uma mudança na ótica do sexo nos quadrinhos, transferindo para a mulher o comando na hora de buscar prazer. A quadrinista cearense Sirlanney diz que escreve e desenha para que mulheres se identifiquem e se sintam à vontade com seus corpos. “Se uma mulher olhar meu quadrinho e pensar ‘eu sinto isso e isso é massa’, pra mim já é dever cumprido.” Sirlanney explica que começou a trabalhar com a temática naturalmente: “Eu já tinha ensaiado pequenas pornografias, para meu próprio prazer. Também sou uma fã de carteirinha de literatura pornográfica e, antes de desenhar, tinha escrito alguns contos pornográficos. Estava apaixonada e comecei a fazer quadrinhos direcionados para esse cara. Um deles dizia ‘Acordei com tanta vontade de te dar que comi o travesseiro’.”

Tesão

Aline Lemos conta que o que a excita nas HQs do gênero são as situações sexuais que mostram claramente o prazer dos envolvidos. “Gosto de ver pessoas se curtindo”, diz. Autoras de quadrinhos eróticos usam diferentes abordagens, inclusive a cômica. Um bom exemplo disso são as histórias de Beliza Buzollo, quadrinista que desenha o universo das mulheres LBT (Lésbicas, bissexuais e transexuais) e aborda tesão, sexo, relacionamentos e outros temas de maneira divertida e natural. Já a americana Erika Moen vai além das HQs e contempla também reviews de sites pornôs e objetos eróticos, além de guias ilustrados sobre sexualidade, no site Oh Joy Sex Toy.

LEIA TAMBÉM: Tesão ilustrado

Uma das maiores reivindicações de leitoras e autoras dos quadrinhos que tratam de sexo e prazer é a fuga da perspectiva excludente dos quadrinhos eróticos tradicionais. “Vivemos em uma sociedade onde a sexualidade feminina é reprimida e controlada. Quando uma mulher se manifesta, já está desafiando a situação vigente”, acredita Aline. No entanto, a quadrinista diz que ainda existem muitas barreiras a serem ultrapassadas, como a predominância de corpos padronizados: “Os tipos de corpos privilegiados, os ângulos e situações escolhidos, raramente dão destaque para o prazer e o consentimento feminino”. Para ela, isso é um reflexo da cultura do estupro, presente nos filmes pornôs e nos quadrinhos eróticos também. “Grande parte do que quadrinistas mulheres independentes vêm fazendo precisa continuar sendo feito, porque o mainstream ainda tem muito problema em aceitar corpos diversos tendo prazer de todo o tipo e de forma consensual”, diz.

Há quem diga esses quadrinhos mudaram sua visão do que é o sexo e, mais importante ainda: tem muita mulher descobrindo como ter orgasmos lendo e fazendo quadrinhos.

Texto da matéria, autoria de Aline Cruz.

Vai lá: um guia de autoras de quadrinhos que abordam relacionamentos, sexo, tesão e prazer

Aline Lemos – desalineada.tumblr.com
LoveLove6 – garotasiririca.com
Sirlanney – sirlanney.com
Beliza Buzollo – belizabuzollo.tumblr.com
Erika Moen – ohjoysextoy.com
Thais Gualberto – facebook.com/kisuki.me
Eleanor Davis – facebook.com/squinkyelo
Sirlanney – facebook.com/sirlanneynogueira
Alison Bechdel – dykestowatchoutfor.com

LEIA TAMBÉM: Visibilidade lésbica nos quadrinhos

 

Oral

Posted in Erotismo, Sexo with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on dezembro 13, 2014 by Psiquê

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Li na revista GQ Brasil de outubro passado (edição 43), um texto bem interessante de Mariliz Pereira Jorge, que compartilho aqui com vocês.

“Sexo oral é como beijo na boca, tem que encaixar. Com uma diferença: se a gente não gosta do beijo de cara é difícil que a situação se reverta, porque ninguém dirá algo como “feche mais a boca”, “não enfie a língua na minha garganta”, “pare de babar”. O beijo é o curriculum vitae do amor na prática. [ e como…] É a primeira aprovação para aqueles três meses iniciais. A gente não desiste de uma relação no início por várias razões, por causa do beijo rescindimos o contrato.

Mas dificilmente alguém pula fora porque o sexo oral é ruim ou só dá para o gasto. Infelizmente nem sempre quem ajoelha reza com louvor. Nem é falta de fé, é falta de jeito. Bate uma insegurança enorme de todos os lados. Talvez você não tenha certeza até hoje onde raios fica o ponto G, duvide mesmo de sua existência. A mulherada passa pelas mesmas incertezas. Ainda mais quando está com um parceiro novo.

Uma coisa fique bem clara: tem mulher que sente medo de pinto. Algumas têm nojo. E há várias que não sabem exatamente o que fazer com ele. O mundo está um pouco diferente – ainda bem – e a gente conquistou aos poucos o direito de transar com quantas pessoas quisermos. Mas, ao longo da vida, as mulheres ainda têm menos parceiros sexuais do que os homens. Isso significa menos experiência, menos rebolado na hora de cair com a boca na botija. Merecemos um crédito se a coisa sair meio desajeitada no começo. E contamos com a sua ajuda.

Minhas amigas falam em coro que só existem duas coisas piores do que um homem que não sinaliza se está gostando do boquete: quando vocês empurram a nossa cabeça em direção ao pinto e quando insistem para que a nossa boca dê um jeito naquele ser inanimado e murcho.

Sim, tem mulher que não gosta. Mas forçar a barra só vai deixá-la constrangida para o que realmente interessa. Sim, não é justo que você passe um tempão lá se lambuzando e ela, nada. Mas se a história vale a pena, só o tempo, carinho e confiança para que a parceira fique à vontade e descubra as sete maravilhas de chupar um pinto. E quando sobra vontade nem a falta de técnica atrapalha.

Dito isso, outro potencializador de sexo frustrado é você querer transar sem vontade e insistir que a mulher o deixe no ponto com um boquete. Ela pode até tomar a iniciativa, mas a decisão para isso deve ficar com ela. Mesmo as garotas que gostam da brincadeira – e pode ter certeza que muitas gostam – desanimam com aquela imagem tímida e chocha à sua frente. Mulheres se excitam com um homem pelado, acham o pinto bonito, desde que esteja duro, brilhante e bem disposto.

Quando se conhece alguém tudo é novidade. Do mesmo jeito que a gente não sabe se você gosta mais de transar de manhã ou à noite, é quase impossível saber como você prefere o sexo oral. Existe uma infinidade de possibilidades. Pego com força ou de levinho, ou nem ponho a mão? Lambo, chupo ou faço sucção? Aperto seus testículos ou só faço um agrado? Mais rápido ou devagar?

A gente vai no instinto, e ele pode nos levar ao caminho errado. Você fica frustrado e sua parceira se acha incapaz. O índice de acertos será infinitamente maior se você fizer apenas uma coisa: falar. Diga do que gosta, o que prefere, diga que está gostoso, que está incrível. É estimulante saber que todo mundo está se divertindo.

E calma lá com a euforia. Não vale explodir de felicidade na boca alheia sem aviso ou acordo prévio. Algumas – certíssimas – se preocupam com DSTs, outras vão ficar constrangidas sem saber se cospem ou engolem. O combinado não é caro, e vale pra tudo na vida.

Ah, a sensualidade…

Posted in Comportamento, Erotismo, Poesia Erótica with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on agosto 26, 2014 by Psiquê

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A sensualidade não tem uma fórmula, uma receita, uma técnica, um segredo…

Ela é…

Às vezes me perguntam como faço a escolha das fotos, das palavras, das ideias que divido aqui com vocês e eu simplesmente não consigo transmitir uma fórmula, pois envolve o gosto, a estética, aquilo que acho belo, que me toca, que me faz “falar” através das palavras e das imagens que escolho.

O que sempre repito é que muitas vezes a imagem vem antes do texto, ela que me inspira, que me move, que concretiza aquilo que estou pensando ou sentido.

Outras vezes, começo pelo texto, mas busco na imagem a concretização daquilo que quero compartilhar. É neste sentido que hoje venho dividir com vocês um pouquinho do que estas imagens me transmitem ou espelham aquilo que quero transmitir…

Quero falar hoje sobre a sensualidade….

Ela não está necessariamente na pose, na fórmula, no perfume….

…ela simplesmente é, seja pela olhar do admirador ou espectador, seja pela atração que o contemplador já sente. O cabelo pode estar despenteado, a camisola caindo, pode não haver roupa, pode ser uma roupinha velha e desengonçada, pode ser um batom nude ou vermelho, uma nuca de fora ou cabelo solto, uma lingerie sexy…

…não importa…

Pode ser tudo, ou pode ser nada, às vezes até o perfume em uma peça usada pode provocar aquela imagens de sensualidade que o outro evoca em você…

Enfim, tem a ver com química, com pele, com olhar, com energia, sei lá…

Sei que me impressiona e me alimenta.

Boa noite meus amores. Obrigada por virem aqui!

A sutileza do encanto…

Posted in Erotismo, Poesia Erótica, Relacionamento with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , on julho 26, 2014 by Psiquê

Desire

Estava refletindo sobre a questão do encantamento, dos sentimentos, dos desejos, das sensações e o quão tênue pode ser a linha entre o encanto e a desilusão. Não há como racionalizar certas coisas…

…muitas das nossas sensações são inexplicáveis e incompreensíveis à luz da racionalidade. Observar uma foto como esta, ouvir uma música gostosa, sentir um gosto exótico, um perfume atraente, desfrutar de um toque inesperado…as válvulas que despertam o desejo podem ser das mais variadas naturezas e origens, mas a capacidade de despertar em cada um a seu modo o desejo ou o desprezo são por vezes impossíveis de explicar.

Essa é uma das razões pelas quais nós, seres humanos, somos encantadores e apaixonantes. Este meu blog é uma joia, pois permite dividir com vocês um pouco do meu encantamento com a natureza humana e nossa capacidade de encantar, desejar, apaixonar, amar…

Tenham uma noite encantada, bebam uma taça de vinho, assistam ao filme que desejarem, degustem uma comida gostosa, comam um chocolate, apreciem cada segundo que a vida pode lhes proporcionar.

Uma ótima noite de sábado a todos.

 

Sedenta do maravilhoso

Posted in Erotismo with tags , , , , , , on fevereiro 26, 2014 by Psiquê

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“Estou tão sedenta do maravilhoso que só o maravilhoso tem poder sobre mim. Qualquer coisa que não pode se transformar em algo maravilhoso, eu deixo ir.” Anais Nin

Clube de Vênus

Posted in Comportamento, Erotismo, Sexo, você on janeiro 21, 2014 by Psiquê

Para aqueles que ainda não conhecem, o Clube de Vênus, dou algumas pistas…

La toilette de Venus, William Bouguereau (1825-1905)

La toilette de Venus, William Bouguereau (1825-1905)

Clube de Vênus é um ‘clube secreto’ que pretende reunir mulheres que buscam melhorar e valorizar sua autoestima, compartilhando experiências e ideias. O objetivo é aprofundar o autoconhecimento, buscando se valorizar, se amar, se respeitar e conhecer seus potenciais, sua sensualidade e sua sexualidade.

Nossos encontros ocorrem em datas específicas e as interessadas precisam ser indicadas por mulheres que já fazem parte do clube. Quem tiver interesse deve escrever para oclubedevenus@gmail.com, dizendo nome da participante que te indicou, idade e contatos. Responderemos com as regras e as datas das próximas reuniões.

Nem todas as pessoas poderão participar e há uma limitação máxima de pessoas por encontro. Esperamos conseguir atender a todos as interessadas!

Sejam todas bem-vindas ao nosso Clube de Vênus!

Caso você queira indicar mais alguém escreva para avaliarmos a possibilidade, lembre-se que o número de vagas é limitado, mas teremos outros encontros.

Histórias íntimas…

Posted in Cultura e Arte, Erotismo with tags , , , , , , , , , , , , , , , on novembro 24, 2013 by Psiquê

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Estou chegando ao fim da leitura do meu presente de aniversário deste ano, a obra da Mary del Priore, Histórias e Conversas de Mulher, que fala de vários temas que envolvem o universo feminino ao longo da história do nosso país. Neste momento estou lendo um trecho que fala dos padrões de beleza das mulheres da nossa terra, quando da chegada dos portugueses: morenas, de cabelos longos, robustas e com o hábito de se lavar e se pentear várias vezes ao dia…

Estou ansiosa por começar duas outras obras que comprei há mais tempo, escritos pela mesma autora: Histórias íntimas, sexualidade e erotismo na história do Brasil, revelando como o erotismo mudou através do tempo e a permanência do controle sobre o prazer sexual. E o livro A Carne e o Sangue, que versa sobre detalhes íntimos do triangulo amoroso formado pelo Imperador D. Pedro I, a imperatriz Leopoldina e Domitila, a marquesa de Santos.

Quem tiver mais dicas de leituras como estas, fiquem à vontade em sugerir.

Também estão na fila de espera, algumas obras de Phillipa Gregory que mistura fatos históricos com ficção, porém com uma fórmula bem atraente a leitura. O único que já li e assisti foi história da Outra Bolena, cujo obra inspirou o filme A Outra estrelado por Natalie Portman e Scarlett Johansson.

Sexo e relacionamento

Posted in Erotismo, Relacionamento, Sexo with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on novembro 23, 2013 by Psiquê

Li o texto do Fábio Rodrigues no blog Papo de Homem, intitulado Sexo não é tão essencial para um relacionamento e achei bem interessante a forma como ao tema é abordado.

O que mais gostei foi a parte do texto que fala sobre o sexo sem sexo: “É possível comer uma mulher sem tocá-la. Transar é só o jeito mais grosseiro e desesperado de exercer penetração, alcance e acolhida. Tem outros jeitos para se fazer a mesma coisa. E ela vai mostrar todos os sintomas de estar sendo comida: vai ter brilho no olho, ficar soltinha, se sentir segura, feliz, satisfeita, se deixar conduzir, enfim, o pacote completo. E o homem, da mesma forma, vai se sentir realizado, estável, confiante.”

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Leia na íntegra o texto abaixo:

Estamos habituados a pensar e sentir que um relacionamento é bom quando tem paixão, sexo, intensidade, e que não é bom quando não tem essas coisas.

Claro, não é um problema existir paixão, sexo e intensidade. É excelente. O problema é acreditar que isso seja a melhor base para o relacionamento, o melhor critério de qualidade, que sem isso algo esteja errado.

Não há como sustentar o jogo sexual por muito tempo (e nem é preciso). Se apostarmos nisso e o tomarmos como referencial, quando ele flutuar – e ele vai flutuar – vamos dizer que a relação entrou em crise, perdeu qualidade. Ora, quem disse que esfriar é algo negativo?

Diante da ausência desse calor, normalmente ficamos aflitos e 1) tentamos recuperar a intensidade, “apimentar a relação” (o que obviamente não dura), 2) acabamos a relação e procuramos outra que tenha “química” (para repetirmos o problema mais tarde), 3) tentamos estabelecer outra base para a relação, que não tenha sexo e paixão como eixo principal.

“O antídoto para a apatia não é “manter o fogo”, prolongar a paixão inicial, “apimentar a relação”. Focar no próprio relacionamento, usar a criatividade, explorar fantasias, viajar junto; tudo isso funciona, claro, mas não dá para manter tal frescor por muito tempo. O antídoto para apatia em um casal encontra-se na vida dele e na vida dela, não tanto no próprio casal. Está mais no “Eu” e menos no “Nós”.

Se ele se movimenta de modo positivo, se tem brilho nos olhos, se enriquece a vida dos outros, se anda no mundo com uma visão ampla. Se ela está sempre em desenvolvimento, cada vez mais inteligente, radiante e livre, se dança pelo mundo, se também tem brilho nos olhos e sentido na vida. É isso o que livra o casal da apatia: a energia que eles movimentam por si só, sem o apoio do outro. É essa a energia que eles trazem para a relação, que se multiplica quando vira “Nós”.”

Gustavo Gitti

A verdadeira base do sexo

Não é necessariamente um problema haver pouco sexo entre um casal. O problema é não haver essa energia dinâmica que dá vida pra relação – e que por um tempo brotou por meio do jogo da paixão e do sexo.

Há um nível sutil de sofrimento no esforço pra sustentar esse jogo rolando, mesmo enquanto o relacionamento é tido como bom, com sexo de qualidade e tudo mais. O fogo exige uma manutenção constante. Na verdade, já sofremos só de imaginar a paixão flutuando, e vamos sofrer muito mais quando ela oscilar de fato – tudo na exata medida em que alimentamos esperança e expectativa de que a experiência que temos no relacionamento se sustente.

Acredito que as coisas tendem a funcionar melhor pra um casal (e o sexo pode ter melhor qualidade) quando o homem assume o papel daquele que busca, que alcança, e a mulher assume o papel daquela que tem que ser buscada, alcançada, percorrida, dominada, segurada, penetrada. A qualidade do jogo, então, depende da maestria que os dois têm em brincar, cada um no seu papel. No nosso caso, do quanto conseguimos ser bons caçadores, buscadores, do quanto conseguimos oferecer acolhimento, firmeza, chão e penetração.

Porque quem está fugindo não quer ser pego, e quem quer pegar na verdade não quer pegar – o que se quer é que o jogo e o movimento sejam mantidos. É daí quem vem o tesão, o brilho, a vivacidade – do jogo, do movimento, da dança. Penso que esta seja a verdadeira base do sexo, e que ela pode ser ativada e alimentada mesmo sem atividade sexual.

Resolver o jogo implica em monotonia e falta de movimento; manter o jogo supõe seguir o movimento. Eu diria ainda mais: esse movimento supõe algum nível de liberdade, que por sua vez supõe algum nível de insegurança e medo. Ou seja, a própria coisa que desejamos banir das relações é o que cria a tensão que as mantém. A liberdade, o medo e a insegurança são a eletricidade que gera o magnetismo.

“Todo amor luta para enterrar as fontes de sua precariedade e incerteza, mas, se obtém êxito, logo começa a enfraquecer – e definhar.”
–Zygmunt Bauman

Sexo sem sexo

É possível comer uma mulher sem tocá-la. Transar é só o jeito mais grosseiro e desesperado de exercer penetração, alcance e acolhida. Tem outros jeitos para se fazer a mesma coisa. E ela vai mostrar todos os sintomas de estar sendo comida: vai ter brilho no olho, ficar soltinha, se sentir segura, feliz, satisfeita, se deixar conduzir, enfim, o pacote completo. E o homem, da mesma forma, vai se sentir realizado, estável, confiante.

Com uma carinha de felicidade como essa, a penetração pode ser a última das importâncias

Quando o casal percebe essas coisas, uma nova base já está estabelecida. E esta base já é bem menos flutuante e estreita do que a primeira. Aí há chances de que a intensidade reapareça de outras formas, sem depender tanto do sexo em si. Eventualmente até mesmo sem precisar de uma relação amorosa.

É possível (ainda que bem raro) que os dois entendam essa dinâmica toda e trabalhem lado a lado pra diminuir o potencial que têm pra sofrer quando a sustentação desse e de qualquer outro jogo flutuar.

Agora, curiosamente, esse processo parece fazer com que a pessoa se torne mais brilhante e atrativa, inclusive sexualmente.

Relacionamentos amorosos também não são tão essenciais assim

É um problema colocar os relacionamentos no centro da nossa vida, como se todas as possibilidades de movimento que temos dependessem desse eixo, exclusivamente.

Não quero, com isso, dizer que os relacionamentos não mereçam nossa atenção, que eles não sejam valorosos e possam nos ajudar a construir vidas boas e saudáveis. Mas o ponto é que eles podem fazer isso, só podem, como muitas outras coisas podem.

Penso que uma maneira mais verdadeira pra dar ânimo no relacionamento, pra fazê-lo ter um sentido natural, fluido, é nós mesmos encontrarmos um sentido em nossas vidas. Isso pode ser feito de forma independente um do outro. Independentes, mas ainda assim juntos, apoiando-se mutuamente.

De onde vem o tesão?

Particularmente eu entendo que uma das coisas (talvez a principal) que torna a pessoa desejável é a medida que ela nos é inalcançável.

Em “Sin City”, Marv vê em uma prostituta, a sua deusa inalcançável

Por um lado, nós desejamos a pessoa porque há uma dimensão nela que não entendemos bem, que nos escapa – um nível de liberdade e mistério que até mesmo nos assusta um pouco. Essa dimensão é o que nos atrai, nos incita e nos move em sua direção. É como se houvesse uma vontade de entender e dominar aquilo, de resolver a questão, de subjugar, descobrir, atravessar e desnudar o outro.

Por outro lado, para a pessoa que tem sua medida de inalcançabilidade surge também excitação quando ela tem a perspectiva de ser alcançada, descoberta, desnudada. A excitação sexual viria do “cair das máscaras”, de descobrir e alcançar ou de ser descoberto e atravessado, mesmo que apenas de forma momentânea e condescendente. As duas coisas acontecem juntas.

Isso parece explicar o motivo porque existe excitação sexual com coisas como tapa na cara, fantasias de  dominação e submissão, bondage etc. Já viram casos no quais a mulher é fodona na vida, chefe, autoritária, brava, e na cama gosta de ser submissa? Então, o tesão vem de ser alcançada, descoberta, desprovida de sua encenação, de afrouxar a tensão criada pela encenação dos papéis cotidianos.

Tais posições, de quem busca e de quem é buscado, são assumidas pelos dois ao mesmo tempo e em alguma medida, bem como podem ser encenados com maior predominância por um ou por outro de forma alternada, ou ainda ser encenado por uma das pessoas pela vida inteira. E os dois podem estar conscientes disso ou não.

Eis porque é comum surgir esse problema de falta de tesão no casamento. Os dois se conhecem demais. Sabem tudo um do outro. Já sabem e adivinham cada movimento, cada pensamento. As dimensões de inalcançabilidade ficam mínimas, quase inexistentes. Aí não há incitação, desafio, vontade de dominar, assegurar, descobrir, abarcar, atravessar.

A solução pra isso então seria fazer ressurgir algum nível de tensão no relacionamento. Se temos tesão pela vida, se nos movemos mais livremente, se nossa presença ativa a dimensão de espanto e incerteza que já existe o tempo todo, criamos causas e condições para que o jogo se estabeleça mais facilmente e de modo mais lúdico. Essa dinâmica então é percebida pelo parceiro ou parceira, mesmo que indiretamente, e eis que a dança pode começar.

Erótica, é… ótica!

Posted in Erotismo, Poesia Erótica with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on novembro 3, 2013 by Psiquê

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Erótica, é… ótica!

Duas da madrugada,
as palavras ficaram ressoando,
erótica, erótica…
Deve haver um erro,
sem ar,
quente, abafado,
derreteu-se algo em mim,
e ficou: é… ótica!

É isso.
Visão.
Noite quente,
calor, fornalha,
corpo quente,
fogo…

Acendo a luz,
fecho a porta,
lembro do fado:
“de quem eu gosto,
nem às paredes confesso”;
o anúncio da TV, chama a atenção:
– me liga, vai… Liga!
Erótica…
Sim, visão…

Começo a me despir
lentamente,
solto os cabelos,
eles se espalham
e cobrem as protuberâncias
de minhas curvas…

Acaricio lentamente meu corpo,
descendo suavemente as mãos,
a carne é firme,
sinto as pernas trêmulas,
olho no espelho,
gosto do que vejo,
sou uma mulher bonita,
sensual,
firme, gostosa, macia,
lembro outra vez:
“liga, vai… Liga”

O telefone está perto,
companheiro único,
preto,
frio,
mudo,
estático…

Ainda espero.
Continuo descendo as mãos
com suavidade,
sinto falta de carinhos,
olho a imagem,
é… ótica…

As pessoas não se olham,
não conhecem seu corpo,
não olham a si mesmas,
não se amam,
não se desejam,
não se tocam…

“Eu me amo… Eu me amo
“Tinha uma música assim,
seriam loucos?
Coisa de jovens?
Rock?
Não.
Amar a si mesmo
é o ponto de partida,
se não nos amarmos,
não amaremos a mais ninguém!

Eu amo a muitos…
Em cada um, eu amo alguma coisa;
a voz,
o gosto,
o cheiro,
o pensamento,
o olhar,
as idéias,
o desafio,
o perigo,
o desejo,
o sexo…

Mas estou só,
absolutamente só,
eu, comigo!

Erótica?
Talvez nos pensamentos,
nas rimas,
na inspiração,
só na ponta dos dedos,
digitando freneticamente,
nada mais…
Na verdade, só é.. ótica!

Visão de uma realidade virtual
visão de um sonho
que embalo no seio
como um filho que suga
meu leite,
aquela deliciosa sensação
de ser sugada,
amada,
comida, esmagada!

Lembranças…
Gostos, cheiros, fatos,
o passado…

Hoje já é o passado de amanhã,
então, só tem eu aqui;
preciso me amar!
Se não me amar,
se não houver um tico de narcisismo,
chegará a depressão,
mulher mal amada,
mulher vencida!

Penso…
Que desperdício!
O tempo vai correndo,
eu grito,
meu grito não tem eco,
os ventos espalham as pétalas da Rosa,
e o tempo continua veloz,
implacável!

Preciso,
sinto que preciso,
dividir, somar,
esse corpo com alguém,
preciso sentir outras mãos
que não as minhas,
tocando minha pele macia,
buscando meus caminhos,
palavras quase inaudíveis
arrancando meus gemidos,
sugando meu sangue…

Jogo os cabelos para trás,
acabei de escová-los,
coloquei a roupa de dormir,
deixo minha imagem
reflexa no espelho,
sou capaz de ver o brilho
das estrelas cintilando nos meus olhos,
na minha pele,
desnudo meu pescoço
mas nenhum vampiro
entra pelas vidraças…

Silêncio total,
só a brisa da noite
e os raios da lua
banham meu corpo quase nu,
chega um misto de prazer e sono…

Começo a dormir e
viajo dentro de mim mesma…

O que encontro?
Minha sombra vagando
pelos espaços vazios dos caminhos,
solidão…

É… ótica.
Nada mais.
Não existe nada,
além da imaginação!

O devaneio adormece
em meus braços,
viajo nos sonhos
e encontro meu príncipe,
ele vem da floresta encantada,
cavalga em minha direção,
me joga meio sem jeito
no dorso do seu garanhão,
o galope é forte,
e, no embalo da ilusão,
adormeço, só,
completamente só!

Quando os raios de sol
entram e me aquecem pela manhã
a cada aurora,
volto à rotina…
Ali adormeceu a poesia
e, agora, acordou a realidade…

Um dia como outro qualquer,
a rotina,
a vida,
a esperança,
a solidão,
a mesma ótica… Erótica!

Autoria: Janete, Rosa dos Ventos

Hipocrisia e imaturidade

Posted in Comportamento, Curiosidades, Desrespeito, Erotismo, Relacionamento, Sexo with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on outubro 13, 2013 by Psiquê

Quero compartilhar aqui um texto do site LOL, que achei de uma lucidez fenomenal. Muitas vezes, não nos damos conta de que nossa sociedade liberal, conhecida por seus ícones erotizados, é tão hipócrita e conservadora, competindo, por vezes, com a norte-americana.

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A HIPOCRISIA BRASILEIRA OU COMO O BRASILEIRO AMA CONDENAR O MATERIAL QUE CONSOME

Outro dia mesmo eu falava no Twitter sobre o estranho comportamento brasileiro.

(Abro parênteses para reconhecer o óbvio: não é algo exclusivo do brasileiro. Há casos nos EUA de jovens que se mataram por sofrerem bullying após “cairem na net”. Falo do brasileiro porque é sob essa perspectiva que vivo e vejo pessoas serem afetadas e porque, no Brasil, esse comportamento parece se manifestar em massa e não como exceção.)

O Brasil é amante de bunda, de carnaval, de putaria. São alguns de nossos cartões de visitas e sabemos que não é falsa impressão. Aqui se pratica e se aprecia a putaria. Aliás, isso não é nossa exclusividade. Toda cultura aprecia putaria. Mesmo as mais fechadas. Mas aqui a gente a aprecia publicamente. Temos Carnaval, temos panicats. Grandes marcas de cerveja usam bundas para se venderem.  Gostamos de mulheres nuas e sensuais. Gostamos de sacanagem. Mas não gostamos das mulheres que as proporcionam.

O brasileiro parece ter fetiche pela mulher anônima. Apoia e incentiva a nudez, a orgia, a sacanagem (vejam a nossa Galeria da Fama), mas abominam a mulher que se deixa descobrir. A “diva”, o “sonho de consumo” se transforma imediatamente na “vadia” ou, condescendentemente, na “burra e inocente que se deixou filmar” quando descoberta.  Me lembra uma cena de “A Máfia no Divã” em que Robert de Niro fala sobre sexo oral com seu analista. Ele diz que adora receber e, quando o analista lhe pergunta se a mulher dele o chupa, ele responde indignado “Claro que não! Com a mesma boca que ela beija nossos filhos?”.

Essa DOENÇA SOCIAL do brasileiro se manifesta mesmo aqui, no LOL, um site que, supostamente, atrai um público mais mente aberta e liberal. Reparem bem. Sites gringos do mesmo gênero estão repletos de fotos de garotas nuas mostrando o rosto com orgulho. Não é que a culpa seja das brasileiras. Como as gringas, elas gostam de se exibir, ter o corpo apreciado, comentado, de ser um estímulo intocável para uma multidão de homens. Que ser humano não quer se sentir desejado? Mas, diferente das gringas, a brasileira vive sob uma realidade diferente. É obrigada a esconder o rosto como se fosse criminosa pois sabe que seria condenada como tal pela sociedade IMBECIL em que vive.

E isso não é o pior! A síndrome de protetor da moral é tão grande que, mesmo as meninas cujos vídeos PESSOAIS foram parar na internet contra sua vontade, são taxadas de “vagabundas” e condenadas ao ostracismo social. É um sintoma muito grave e triste da sociedade em que vivemos. Tudo é permitido, desde que escondido. Se seu vídeo transando com seu marido ou namorado for parar na internet, você se converterá imediatamente em vagabunda, puta ou meretriz. E, pior. Os mesmos que te condenam, são os mesmos que baixam seu vídeo para se masturbarem.

É uma sociedade nojenta e apavorada consigo mesma, que se julga no direito de infernizar a vida de uma mulher só porque um vídeo dela em um momento íntimo caiu na internet. Como se fosse ANORMAL chupar o pau do marido ou pedir para ser comida de quatro.

O brasileiro é um viciado em CRACK que detesta o traficante. Ama o vício, mas se recusa a se sentar à mesa com o fornecedor. É um homem inseguro. Defensor de uma moralidade falsa que não pratica. É o cara que fica até mais tarde no trabalho para transar com um travesti na rua e fazer com ele aquilo que acha impensável fazer com a própria esposa.

É um homem infeliz, infantil, falso-moralista e injusto. E digo “homem” aqui no sentido mais amplo. Porque as mesmas mulheres que condenam fulana por terem cometido o CRIME de ser filmada transando com alguém perdem o sono pelo desejo de serem comidas como mulheres de verdade e não como santas.

Temos uma curiosidade mórbida,  um desejo incontrolável e nocivo de divulgar,condenar e propagar o que não é diferente do que fazemos em particular.

UPDATE: No furor da escrita da madrugada (vinho), me esqueci de mencionar outro sintoma do grave machismo e misoginia de que padece o brasileiro.  Em quase todos os casos de “caiu na net” é possível observar um padrão. Um casal, em um momento íntimo decide filmar sua transa. Pode ser por insistência do parceiro ou por pedido da própria mulher. O importante é que ambos concordaram em registrar aquele momento íntimo para verem depois. É uma comunhão de vontades. É um passo adicional de intimidade. Algum tempo depois o vídeo vai parar na internet porque o homem resolveu mostrar para um amigo (atitude completamente infantil e doentia) ou botou online de propósito. Em uma sociedade normal, que pensasse racionalmente, o homem seria execrado pela covardia e injustiça que cometeu. Seria punido legal e moralmente. Perderia amigos, afinal, quem quer ser amigo de alguém que trai a confiança dos outros tão flagrantemente?

Mas não é isso que vemos acontecer. O homem que jogo o vídeo na internet desaparece dos comentários. Como vetor de todo o problema ele é ignorado. Todos os comentários se focam na mulher que, de vítima, se transforma em ré. É ela a vagabunda que se deixou filmar. É ela a burra que confiou nele, como se ele não pudesse ser condenado por suas ações. É uma inversão doentia. É a lógica de culpar a vítima pelo estupro.

Há casais que curtem se filmar para ver depois. Eu curto. Muitas de minhas namoradas curtiam. O problema não está aí. É tão grave assim o ato de se deixar filmar que transforme um boquete inocente em ato merecedor de punição? Se eu fosse um babaca inseguro ou amargurado e resolvesse jogar algum desses vídeos na internet a culpa seria de algum delas? NÃO! Seria minha, e só minha.

Dito isso, dou-me a liberdade de reproduzir um texto que li no Pimentaria. Reproduzo na íntegra (e já peço perdão à autora), porque considero amostra clara de como esse moralismo barato e gratuito pode destruir a vida de alguém que é exatamente como eu ou você.

“Fran,

Meu celular acabou de apitar avisando uma mensagem nova no Whatsapp. Era um vídeo de 13 segundos em que você aparece fazendo um boquete e perguntando ao câmera: “quer meu c*zinho apertadinho?” – fazendo um sinal de OK. Eu deveria ter achado graça, caído na gargalhada e compartilhado com outros contatos. Porque, afinal, é só mais uma “vagabunda que se deixou filmar” e cujas imagens acabaram vazando para milhares (milhões?) de desconhecidos. Como se nenhuma moça “direita” pudesse chupar um pau ou ficar de quatro. Como se ninguém falasse baixarias a dois. Como se fosse absurdo realizar a fantasia de ser filmada enquanto transa.

Eu não te conheço, mas descobri que você é uma universitária de 19 anos e mora em Goiânia. Não sei quem era o cara do vídeo nem a relação que você tinha com ele. Se era amante, namorado, marido, affair de uma noite. Se você foi “ingênua” ou “safada”, se tem uma índole boa ou ruim. Simplesmente não interessa. Nada disso justifica o massacre contra você e sua família. Qual o tamanho da sua dor agora? Soube que você não está frequentando as aulas e foi afastada da loja de roupas em que trabalhava por causa do assédio. A delegada que cuida do seu caso disse que você disfarçou a aparência para não ser reconhecida, que está abatida de tão triste.
Lamento muito por todos os comentários grotescos e ofensivos que têm circulado na internet. Eles foram feitos pelas mesmas pessoas que acreditam que, se estava de saia curta na rua, pediu para ser estuprada. Tipo: não queria ser exposta, então não deveria ter se deixado filmar. É uma lógica machista que inverte os valores. Você é puta – e não o cara, um mau-caráter. Querida, nossa sociedade está mergulhada nos próprios pudores. Não há nada de errado no que você fez. A cretinice da história toda pertence somente àquele(a) que primeiro repassou o vídeo de um celular privado para uma rede infinitamente invisível.

Espero que você tenha visto a página Apoio à Fran, já com quase 2 mil apoiadores no Facebook: “ela é a vítima”. Sabe, em 2006, uma jornalista que eu venero contou uma história parecida com a sua. Fotos de uma garota de 20 anos transando com dois caras foram parar no Orkut. Ela e a família precisaram mudar de cidade para recomeçar a vida publicamente destroçada. Eu desejo que você consiga se perdoar. Posso imaginar a culpa e a vergonha que você está sentindo. E torço para que os leitores dessa carta sejam mais humanos e menos hipócritas do que eu tenho visto por aí. A foto desse post é o abraço que eu gostaria de te dar.

Nathalia Ziemkiewicz, jornalista e autora do site Pimentaria”.

UPTADE: Uma amiga de Fran me contou que ela só sai de casa para ir aos advogados e à delegacia. Está em pânico, morre de medo de ser reconhecida.